terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Á PROCURA DE MODELOS

TAL PAI TAL FILHO.

Nos primeiros anos de vida nossas experiências existenciais são pouco conscientes; daí a capacidade de discernir ainda é incipiente. Nosso subconsciente funciona tal e qual um scanner que copia e arquiva as vivências. Esse mecanismo nos leva pela constância da presença física e também pela afinidade e sintonia; a copiarmos alguém da família como modelo, ou até mais de uma pessoa. Vale a pena o leitor parar durante alguns minutos para tentar identificar quem foi ou foram seus modelos. Observe como repete suas atitudes, acertos e erros, seus comportamentos e até suas doenças; pois em parte elas são aprendidas.
De certa forma no mundo contemporâneo, as crianças e jovens estão perdendo a identidade com a família; pois, o frenético estilo de vida atual alterou profundamente a forma como adotamos os modelos. Devido á ausência física dos pais buscamos modelos na rua (mídia, escola, vizinhança). Hoje, em muitos casos, as crianças passam a maior parte do tempo com pessoas estranhas á sua vida familiar e afetiva: babás, parentes mais distantes, funcionários de berçários e creches e, pior ainda, passam muitas horas do dia frente á TV adotando modelos superficiais e “deformados” na sua estrutura de personalidade.
O conflito de gerações têm a idade da humanidade; mas, a sensação de falta de identidade com o grupo familiar aumenta entre a juventude da atualidade.
Aos poucos as gerações foram perdendo seus referenciais entre os membros da própria família. Pelo pouco convívio, falta de diálogo e superficialidade das relações; os filhos quase não se identificam com os pais e as mães; além disso, a mídia de ação rápida embaralhou tanto os valores que as crianças buscam copiar apenas os que representam o sucesso na vida moderna: beleza, fama, poder, dinheiro.
Aqui entre nós, o problema transformou-se numa bomba de efeitos devastadores a curto e médio prazo, pois segundo dados do IBGE mais ou menos 1/3 das crianças não conhecem os pais; apenas as mães - esse fato agrava de maneira interessante a problemática dos modelos que os meninos venham a adotar. Para agravar esse problema, a porcentagem de professores nos berçários é nula e na pré – escola são raros..., a progressão aumenta á medida que os meninos avançam em idade; mas o poder de influência que um professor de universidade tem sobre esse aluno carente de modelos é incipiente.
À primeira vista parece que a falta de modelos adequados na infância não tem nada a ver com o problema dos distúrbios do comportamento e da violência social afetando a saúde e a vida das crianças; mas a cada dia nos noticiários vai ficando clara a sua importância.
O meio familiar sempre foi e será a oficina por excelência do processo de humanização. Ele é insubstituível, e rapidamente deve assumir seu papel. Pois, ela de forma cada vez mais perigosa perde terreno para a educação da rua. Hoje cada dia mais abrangente: berçário, escola de educação infantil, TV, Internet e a antiga rua (as amizades).
O modelo de família atual torna-se cada dia mais obsoleto e perigoso para o futuro da criança e de todos. Expliquemos: O estilo de vida atual representa sério perigo para a vida de muitas crianças e jovens; daí não comporta instituições e relacionamentos tão informais e sem planejamento como são as nossas famílias. Além disso, não se educam mais os filhos com pancadas, ameaças, olhares feios ou carrancas. Isso, é colocado por várias correntes de pensamento voltadas para a educação; quanto ao conteúdo, nada a questionar; exceto a forma como muitos ícones da pedagogia lançam essa idéia a pais tão despreparados quanto acomodados. Pois se de um lado, a antiga ditadura educacional cede terreno de forma intensa; por outro lado a permissividade disfarçada de modernismo e de consumo campeia livre, leve e solta.
Usando as modernas teorias sobre como educar nossos filhos, “compramos” a obediência da criança ás regras. E usamos sem um pingo de vergonha a chantagem, a mentira e o suborno, até para conseguir afeto e carinho. A falta de renovação nos modelos educacionais deu no que deu; e o que se vê hoje está apenas no começo; e as perspectivas não se mostram animadoras; pois, para educar as crianças hoje, é preciso inteligência, sensibilidade e discernimento; qualidades ainda bastante raras. Não basta apenas a presença física é preciso analisar que tipo de modelo seremos para nossas crianças.

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